Como nossos vizinhos estão enfrentando a crise?
Cada país tem adotado uma estratégia diferente para atenuar os efeitos da crise de saúde e os futuros impactos na economia. As nações latino-americanas demonstram grande preocupação frente ao que está por vir, principalmente pelo fato de possuírem sistemas de saúde aspirantes à universalidade que na prática são precários e insuficientes, em sua maioria. Com uma população de 600 milhões de habitantes, essa região sofre com a desigualdade social e carência de homogeneidade no acesso aos serviços de saúde e até mesmo saneamento básico. As medidas adotadas pelos países,em geral, estão em acordo, como o fechamento de fronteiras terrestres e aéreas.
Na Argentina, o presidente Alberto Fernández estendeu o período de quarentena e adotou novas medidas econômicas com o intuito de reduzir os impactos desse isolamento social. O político prometeu proibir as demissões no país por 60 dias e concederá um auxílio financeiro para as empresas. Além disso, Fernández afirmou que é necessário que empresários lucrem menos nesse momento delicado: ´´Eu peço a todos que entendam que estamos vivendo um momento de exceção. E que, na verdade, não devemos cair no falso dilema de que é a saúde ou a economia. Uma vez eu tive que assumir um posto no governo junto com Néstor Kirchner e encarar um país que, no ano anterior, teve uma queda do PIB de mais de 11%. A partir daí nós trabalhamos e levantamos a economia. Uma economia que cai sempre se levanta, mas uma vida que termina não se levanta mais, e eu quero ter isso muito claro, mas preciso que todos entendam que não estamos descuidando a economia´´, disse o presidente em seu último pronunciamento oficial.
O presidente chileno, Sebástian Piñera, anunciou dia 20/03 que iria investir 4,7% do PIB como forma de orçamento adicional no setor de saúde e de planejamento de renda familiar para as famílias mais prejudicadas pela pandemia. Em uma entrevista, Piñera afirmou: “Momentos excepcionais exigem medidas excepcionais. Estamos preocupados e determinados a aliviar nossos compatriotas afetados por essa crise de saúde e pela situação econômica”, fazendo referência ao investimento de 12 bilhões de doláres. Esse fundo também se estenderá a cerca de 2 milhões de pessoas beneficiadas pelo SUF ( Subsídio Único Familiar)- similar ao Bolsa Família brasilero. Além disso, o governo do Chile apresentou também uma Lei específica para o momento de crise na qual está prevista a garantia de salários de indivíduos que não exercem atividades consideradas essenciais, porém que são dependentes da presença física do trabalhador e não podem ser realizadas através de trabalho remoto.
O governo mexicano declarou na última terça-feira, dia 31, estado de emergência na saúde devido o aumento expressivo do número de contaminados confirmados no país. Mesmo sendo muito recente a decretação de quarentena mexicana, o presidente já se pronunciou em relação aos próximos passos que serão dados : "Se temos de resgatar alguém, quem temos de resgatar? Os pobres", disse López Obrador, em sua coletiva de imprensa diária. "Não faremos mais resgates no estilo do período neoliberal, que visava bancos e grandes empresas. Eles nem deveriam estar pensando que haveria perdão fiscal ou outros mecanismos que foram usados antes", acrescentou.
Portanto, nota-se uma crescente postura dos países latino-americanos em adotar políticas públicas de distribuição de renda em meio à crise, atitude que será decisiva para a recuperação da economia daqui uns meses. Essa estratégia visa garantir que haja o mínimo de interferência possível no fluxo de renda das nações afetadas pela pandemia.
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A crise é mundial, tema escolhido corretamente para o momneto, informações relaxantes, Parabéns!!!
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