O Coronavírus e os impactos na economia brasileira
Updated: Apr 20, 2020
O Brasil fechava 2019 com uma certa tendência de recuperação econômica e a esperança de um 2020 próspero. Apesar de um crescimento econômico relativamente frustrado (1,10%), de um desemprego persistente e da maior cotação nominal de dólar da história, a inflação estava controlada, a bolsa de valores batia recordes com o maior número de pontos, o que corroborava as expectativas do governo. Porém, o Coronavírus chegou e frustrou essas possibilidades. Fato é que nosso país será um dos que mais sofrerá as consequências econômicas decorrentes da pandemia. Para se ter noção, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), estima-se que a economia global deve recuar cerca de 3%, sendo essa a pior recessão desde a Crise de 1929. A atual crise é muito mais grave que a de 2008, por exemplo. O impacto será maior nas economias avançadas (-6,1% em 2020) do que nas economias em desenvolvimento (-1%). A Ásia emergente é a única região para a qual o fundo espera um crescimento positivo. As economias dos países europeus ficarão arrasadas; a Itália (-9,1%), Grécia (-10%), França (-7,2%) e a Alemanha (- 7%) são apenas alguns exemplos. Nosso país, infelizmente, não ficará de fora . Segundo o FMI, o PIB brasileiro deve recuar 5,3%, porém, segundo outros pesquisadores, essa queda pode ser de até 9%. Esse será o maior recuo do Produto Interno Bruto brasileiro desde 1901. Vale ressaltar que se entende por PIB a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país ou região em um determinado período de tempo. Mas por que nosso país será tão afetado enquanto as outras nações em desenvolvimento sentirão efeitos 5 vezes menores?
Partindo dessa premissa e dissecando o PIB brasileiro, podemos observar que o mesmo é muito dependente. O setor terciário compõe mais da metade das nossas riquezas e, em tempos de pandemia, o comércio de produtos não essenciais e serviços caíram drasticamente, com a população em casa sem a necessidade de consumir igual a antes. Por outro lado, percebemos nossa dependência com o resto do mundo em relação às exportações. Exportamos principalmente commodities,petróleo, por exemplo, os quais fazem parte do setor primário. A demanda externa pela maior parte desses produtos cairá, o que impacta numa redução no preço desses bens. No atual contexto, devido à grave crise, os países diminuirão as importações desses artigos, visto que estão concentrados na tentativa de recuperação da economia interna dos mesmos. Além disso, a grave recessão aumentará o número de desempregados e consequentemente diminuirá o consumo das famílias, o que irá resultar em mais um fator para queda do PIB. O governo espera que, com as recentes medidas econômicas tomadas, os prejuízos da crise sejam amenizados. Para alguns especialistas, o auxílio emergencial e incentivos de créditos para empreendedores ainda estão aquém do que deveria ser feito. Esses acreditam que o Governo Federal deveria aumentar ainda mais suas despesas para conter os impactos da crise. Portanto, a grande dependência das exportações será decisiva para retardar o processo de recuperação econômica do país, que deve se estender até 2022.
Texto: Lucas Gabriel Barros
e-mail: lucagabrielbarros@gmail.com
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